ENCONTROS 2018
No Mar Virado
Na beira do Mar Virado, numa comunidade quilombola lutadora, resistente e perseverante, o projeto EncontroS aportou no ano de 2018 para receber a bênção das águas cristalinas e das matas do litoral norte de São Paulo. Nesse território de preservação dos saberes ancestrais, famílias vivem a história, transportando há gerações um legado de imensa riqueza cultural. As tradições e festas da comunidade guardam ainda as características da vida camponesa e caiçara, resultado da integração de culturas, não somente africanas, mas também indígenas e católicas. Os tambores que ouvimos, e os que foram um dia ouvidos, se uniram em celebração da força da voz que vem do mar. Na praia da Caçandoca, em frente a Ilha do Mar Virado, com todo o desejo de união que move os batuqueiros celebramos nosso amor ao Baque Virado.
Da casa de taipa, ao café que ainda é socado no pilão, tudo são ecos de um tempo em que o homem negro vivia escravizado e constituía toda a força de trabalho na pesca e na lavoura. E, muito se enganam aqueles que pensam que a liberdade desses homens, latente em suas tradições de rezas, sons e cores, poderia algum dia ser esquecida.
As tradições e festas da comunidade guardam ainda as características da vida camponesa e caiçara, resultado da integração de culturas, não somente africanas, mas também indígenas e católicas. O ‘Bate Pé’ ou ‘Xiba’, o Fandango Caiçara, ao Boi de Conchas, o Jongo e o Moçambique, além do artesanato, são memória viva e presente num dos cenários litorâneos mais deslumbrantes do nosso país.
Os primeiros habitantes do Quilombo da Caçandoca eram de origem banto, negros escravizados, provenientes da região centro ocidental do continente africano, onde são hoje o Congo, o Gabão, Angola, Zaire e Moçambique. Faz parte da cultura banto, um profundo senso de pertencimento do indivíduo a seu grupo social: “Pertenço, logo, sou”! “Eu sou, porque vós sois, e porque vós sois, eu sou!”. Essa é a maneira de compreender o material e o divino, valores que protegem e defendem a vida humana em todos os sentidos, sempre entrelaçada aos fenômenos naturais.
É chegado o momento de aprender, partilhar, trocar e vivenciar experiências culturais e de integração com aqueles que mantêm vivas as manifestações e o espírito de comunidade e resistência!
Os tambores que ouvimos, e os que foram um dia ouvidos, se unirão em celebração da força da voz que vem do mar. Em frente à praia da Caçandoca, o Mar Virado, a Ilha Mar Virado, e todo o desejo de união que move os batuqueiros unidos pelo amor e respeito ao Baque Virado. Os tambores jamais se calarão! A liberdade jamais será esquecida! Asé!
Convidados
Pai Antônio da Nação Xangô Alafim
Mestre Levy Lima da Nação Xangô Alafim
Número de participantes
194
Equipe nacional
Fernanda Echuya, Jorge Rufino, Luciana Félix, Ronaldo Rodrigues, Tainá Bulhões, Bebela Costa
Equipe Local
Neto Santos, Mario Caçandoca, Gugu